O estacionamento de automóveis pelos motoristas em estacionamentos pagos (patrocinados, na nomenclatura da Pesquisa Origem-Destino da Cia do Metrô) aumentou em 11,6% entre 2007 e 2017, passando de 1,7 milhão de veículos para 1,9 milhão.
Um aumento relativo superior ao do total identificado pela O-D sobre os carros estacionados: 7,3 milhões em 2007 e 7,8 milhões em 2017.
A maioria dos motoristas ainda deixa o carro estacionado em local próprio. A O-D não faz a distinção entre os estacionamentos de origem e destino.
1,5 milhão de motoristas deixavam o carro estacionado nas ruas (meio-fio) em 2007, passando para 1,7 milhão em 2017.
A participação da Zona Azul é pequena: em 2007 eram 0,5 milhão, ou seja, 500 mil, que passaram para 543 mil em 2017.
Embora a pesquisa O-D se refira a 2017, em função de atrasos na coleta de dados, principalmente nas áreas de maior renda, muitos dados chegam a abril de 2018, captando as mudanças no uso da bicicleta e dos aplicativos de chamada, do tipo 99, Uber e outros. Na O-D esses foram caracterizados como táxi e foram as viagens que tiveram o maior aumento proporcional.
No conjunto da Região Metropolitana, no entanto, não tiveram o impacto que é visível no Centro Expandido da Cidade de São Paulo e que corresponde à área central da Região Metropolitana.
Para uma avaliação mais precisa do impacto dos aplicativos sobre os estacionamentos será necessária uma análise mais desagregada dos dados, que não estão nos divulgados pela Cia. do Metrô.
Entre as inúmeras informações trazidas pela O-D muitas confirmam o que temos colocado aqui, contrariando o senso dos "especialistas". Entre 2007 e 2017 aumentou a frota de veículos motorizados, a taxa de motorização, a manutenção dos índices de utilização do carro individual, apesar de significativos aumentos do uso do metrô e trem. Os quais substituíram mais o transporte por ônibus do que o carro particular.
Há uma redução do uso do automóvel pelas camadas de maior renda, confirmando a tendência do "eu não quero ter carro". Em contrapartida, a classe média baixa está aumentando o uso do carro, transferindo-o do ônibus. A razão principal aludida é a demora de tempo nas viagens por coletivos.
Esses não são, a não ser residualmente, clientes de estacionamentos pagos ou patrocinados, preferindo o estacionamento na rua. São, em volume, números muito próximos.
Outro dado relevante que impacta, neste caso positivamente, é o aumento do trabalho em diversos locais.
*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.