Por Jorge Hori* - Apresentada oficialmente a Reforma da Previdência, o mercado reagiu favoravelmente. A Bolsa subiu, os agentes econômicos se animaram. Era a reforma que esperavam: bem feita, bem justificada, combatendo a desigualdade e gerando economia de mais de um trilhão de reais, ainda que em muitos anos. Foi uma primeira grande vitória, principalmente na batalha das comunicações: não se falou em deficit previdenciário, que a oposição diz não existir. Os objetivos são economia nas contas e reduzir os privilégios.
Passado o primeiro impacto e as reações positivas começaram as críticas, com as contestações dos "privilegiados" assim como da oposição.
Mas o principal problema surgiu da classe política, com recados implícitos, alguns explícitos, de que sem negociação a reforma não passa. Não são negociações sobre os conteúdos da reforma, mas do tradicional "troca-troca".
As lideranças mais otimistas apostam numa aprovação da PEC ainda no primeiro semestre deste ano. Os mais realistas acreditam numa aprovação, com muita articulação e negociação, até o final do ano, podendo ser aprovada ainda em setembro.
Embora o ambiente geral do "mercado" seja positivo, pela aprovação dos seus componentes e crença no apoio popular do presidente, não há unanimidade. Alguns já estão ou pretendem investir antecipadamente, contando com uma forte reação da economia brasileira, ainda em 2019, seguindo pelo ano de 2020. Outros estão mais cautelosos, restringindo-se à maior utilização da sua capacidade produtiva, no momento com ociosidade.
O principal alerta foi dado pelas maiores empresas automobilísticas norte-americanas, cujas direções mundiais já sinalizaram que não estão dispostas a continuar com deficits nas operações brasileiras, cobertas por imensos aportes financeiros das matrizes. Dentro de uma reestruturação produtiva mundial, o Brasil está no campo das desmobilizações da produção. A GM anunciou as intenções e o governo de São Paulo já acenou com concessões fiscais. A Ford já partiu diretamente por definições. Vai fechar a sua fábrica no ABC, concentrando a produção de automóveis na Bahia e de caminhões fora do Brasil.
Diante da percepção de que Paulo Guedes tem força, com apoio do presidente Bolsonaro, para implantar a abertura da economia, essas empresas estão se antecipando para a reorganização das suas cadeias produtivas mundiais, dentro das quais o Brasil é visto como um importante mercado consumidor, mas não como uma base produtora.
A produção da indústria automobilística no Brasil poderá cair, mas a frota continuará crescendo, com maiores importações.
Para os estacionamentos privados, as demandas quantitativas poderão crescer, mas com mudanças qualitativas. Haverá uma diversidade maior de marcas e padrões dos automóveis e os manobristas deverão estar preparados para operá-los.
Estacionamentos especializados em atender carros importados, com manobristas devidamente treinados e capacitados, poderão ser um importante diferencial competitivo. Outro diferencial será a automação, que eliminará a interferência de manobristas humanos.
Um aplicativo, relativamente simples, de inteligência artificial identificará a marca e as características do carro e otimizará a sua localização, além da emissão automática do ticket para os eventuais. Os usuais serão cobrados de forma automática, como já ocorre com o "sem parar" e outros.
Uma das consequências será a ampliação das garagens verticais.
* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.
NOTA:
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