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Impacto nos estacionamentos com mudanças na indústria automobilística

 

Por Jorge Hori* - Entre as diversas mudanças dentro da indústria automobilística que afetarão o negócio dos estacionamentos pagos talvez a mais relevante seja a tendência de transformação da indústria em prestação de serviços.

A indústria deixará de ser produtora e vendedora de automóveis, para passar a ser uma prestadora de serviços de locomoção, com uso dos automóveis por ela montados.

Essa estratégia vem sendo atropelada pela introdução dos aplicativos de chamada de carros de terceiros, do tipo Uber, com a locação dos automóveis aos prestadores dos serviços.

No Brasil, as três principais locadoras de automóveis (Localiza, Movida e Unidas) vêm tendo crescimento bem superior ao resto da economia e uma das consequências é o desenvolvimento do mercado de seminovos.

As indústrias ainda não estão locando os seus carros aos "uberistas" e similares, mas garantem a troca do carro usado, por um novo, a cada dois ou três anos, com financiamento da diferença. Na prática o motorista não é mais proprietário do carro, mas um locatário. A montadora passa a ter o mesmo problema de um estoque de seminovos que precisa "desovar".

Com a expansão do modelo, as pessoas não comprarão mais carro novo (zero quilômetro), mas passariam a comprar um seminovo, previamente locado, com garantia de fábrica ou de uma grande revendedora.

Essa tendência caminha no sentido contrário ao desejado pelos estacionamentos, pois os carros locados para os motoristas dos aplicativos não iriam para os estacionamentos pagos. Esses procurarão sempre vagas não pagas em vias públicas.

Por outro lado, a locação de automóveis de melhor padrão (sedans, SUVs e outros) para o próprio usuário os levará a usar os estacionamentos pagos, para maior proteção, segurança e custos. Os carros são locados com seguro, mas começam com franquias elevadas, muito superiores ao custo dos estacionamentos pagos. A aversão ao risco desses motoristas será maior, favorecendo os estacionamentos.

As mudanças não serão rápidas, enfrentando fortes resistências culturais. Muitas pessoas ainda fazem questão do carro zero quilômetro. Quando vão comprar um seminovo preferem aqueles com "um único dono", recusando os de locadoras, usados por inúmeras pessoas. Ainda que com quilometragem baixa.

Haverá mercado para locação de carros seminovos?

De outra parte, as exigências dos aplicativos e dos clientes é de automóveis mais equipados, principalmente com ar condicionado. Isso limita o mercado dos carros de entrada novos. Um dos mercados era dos jovens, como primeiro carro. Com a tendência de muitos deles não quererem ter carro, qual será o mercado residual?

E qual será o impacto sobre os estacionamentos? É uma grande dúvida, mas não poderão ficar esperando que as coisas desabem sobre a sua cabeça.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.

Categoria: Artigos


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