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Estacionamentos do futuro se transformarão em hubs de serviços

Na premissa de cidade inteligente, o conceito de vaga será cada vez mais amplo – especialmente nos estacionamentos. O local deve deixar de ser ponto final nas jornadas para se tornar uma conexão e ir muito além, ampliando as soluções e experiências para seus usuários.

O assunto, entre outros, será debatido durante o Summit Mobilidade 2023, em um painel intitulado “Mobilidade além do asfalto: novos modais para acelerar a transformação do País e das cidades”, evento que acontecerá no dia 31 de maio.

Mais serviços agregados estão entre as apostas da multinacional francesa Indigo, de gestão de estacionamento, mobilidade individual e serviços relacionados. A companhia é presente em 99 cidades brasileiras, operando mais de 370 mil vagas, e, no mundo, já são cerca 1,4 milhão delas em nove países, 2.600 estabelecimentos e aproximadamente 2.250 quilômetros de estacionamentos na rua.

“Criamos recentemente uma área 100% dedicada a ampliar essa oferta, com cerca de 100 projetos espalhados nas nossas quase 400 operações, fechados ou ainda em discussão”, adianta Thiago Piovesan, CEO da companhia no Brasil.

Essa área foca no segmento das cidades inteligentes para trazer novas análises, diferentes das que acontecem em um estacionamento tradicional, e, consequentemente, propor soluções de transformação. “Com base nela, identificamos as vocações de cada tipo de empreendimento para agregar parceiros que possam expandir essa abrangência de mobilidade”, revela.

Os negócios da Indigo englobam toda cadeia de valor da mobilidade e da gestão de estacionamento: de rua e serviços associados; uma oferta digital ampla (Indigo Neo); fiscalização do estacionamento nas ruas (Streeteo) e gestão dos espaços públicos; modais de mobilidade (Indigo Weel e Smovengo); e logística last mile, otimizando o uso do espaço disponível para atender à cidade.

Informação é a chave

Ao passar uma cancela, os dados podem trazer bem mais do que frequência e tempo de permanência do usuário. A digitalização intensa, aliada a aplicativos e câmeras inteligentes, por exemplo, deve garantir informações precisas para entender as necessidades de cada ativo (estacionamento) e prover melhores ofertas – inclusive com base em modelos de veículo, no maior consumo de certos produtos ou na permanência em determinado local.

“É essencial entender o comportamento e o propósito dos usuários para que o espaço não se torne um acúmulo de serviços sem valor agregado – não só os relacionados a carros, como lava-rápido, manutenção ou carregador elétrico”, reforça.

Se, no auge da pandemia, o estacionamento ao ar livre se tornou ponto de testagem para a covid-19 em parceria com hospitais e laboratórios, agora a demanda é outra. “Há presença cada vez mais intensa dos pontos de recarga para veículos elétricos, principalmente em aeroportos e shoppings. Hoje, temos cerca de 200 carregadores instalados nas operações e o plano de crescimento é atingir 1.000 deles até 2025.”

Além disso, muitos locais têm disponibilizado nos estacionamentos áreas dedicadas ao delivery, de modo a acelerar e tornar mais eficientes as entregas. Aliás, o conceito de last mile também está cada vez mais presente para melhorar a mobilidade.

Outro ainda, o da cidade de “15 minutos”, mesmo que soe um pouco utópico, especialmente nas grandes metrópoles, pode fazer algum sentido, embora seja impossível prever quando. “Se não na cidade, mas nas microrregiões, aplicando o mesmo princípio de que não é preciso percorrer longas distâncias para realizar a maior parte das demandas do dia a dia”, observa Piovesan.

De acordo com o CEO, o Brasil tem uma taxa de digitalização acima da média, e criar grandes centros de serviço dentro do DNA e vocação das regiões encurta as jornadas e facilita esse trânsito. “Alguns lugares com boa mobilidade já contam com serviços complementares atrelados, mas ainda há muito para ampliar as conexões e conectividade para outras regiões, tornando as cidades mais limpas e ágeis.”

AINDA MUITO INDIVIDUAL.

Operações próximas a estações de metrô, trem e terminais de ônibus se tornam ponto de apoio importante para a interconexão de modais. Porém, ainda são mais pontuais do que estruturais – uma vez que dependem de planejamento e investimento públicos para que mais gente deixe o carro em casa ou no estacionamento em favor do transporte coletivo.

“Esses hubs estão longe de ser uma solução estrutural, e são iniciativas, sim, que contribuem bastante, mas que passam muito pela opção individual, mesmo em estacionamentos pick up e drop-off [pontos de retirada] de bicicletas elétricas, scooters e carregadores”, analisa Piovesan. “E dependem muito de as empresas transformarem seus estacionamentos tradicionais em novos espaços de conexão, criando outras percepções de valor, e não apenas ocupação do lugar por si só.”

Não apenas para quem usa estacionamento, mas diversificar esses ambientes com outras experiências positivas que combinam com a necessidade da região. Desde a implantação do home office ou modelo híbrido, estacionamentos em escritórios nas regiões centrais, majoritariamente mantidos por mensalistas, tiveram de se reinventar.

“Estamos colocando quarda-volumes em um espaço de baixa ocupação, trazendo a ele uma utilização efetiva, além de um fluxo de pessoas que ali vão transitar e movimentar a operação. Essa também é uma das atividades que vêm ganhando relevância em novos cenários”, adianta.

UOL, 26/05/2023

Categoria: Geral


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