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Eleições na cidade de São Paulo: o amanhã em função do hoje

 

Por Jorge Hori* - A narrativa política inventou um eufemismo que virou moda entre os candidatos. Não se fala mais de pobres ou miseráveis, mas daqueles que "mais precisam", e assim se referem a eles tanto os candidatos do campo da direita, como da esquerda.
E todos disputam o voto deles, que representam a maioria do eleitorado do Município e será decisivo para o resultado das eleições.
O PT conquistou a maioria desse eleitorado, com as promessas de programas sociais e do apoio à ascensão social, pelo estudo e trabalho. Lula tinha grande sensibilidade para atender a esse eleitorado, o que não foi entendido por Dilma Rousseff ou por Fernando Haddad, os seus "postes". Perdeu o apoio e dificilmente conseguirá recuperá-lo, por ter sido tomado tanto pelos evangélicos como pelo PSOL, sob o comando de Guilherme Boulos.
Os evangélicos, com a sua ação de acolhimento 24 horas dos que mais precisam, têm o maior poder de orientação eleitoral desse grupo. Celso Russomanno, embora apoiado por uma das principais igrejas evangélicas, não é um evangélico. Em 2016 os evangélicos, na sua maioria, migraram a favor de João Doria, contribuindo para a sua eleição no primeiro turno.
Os evangélicos não têm uma unidade, dividindo-se entre diversas igrejas ou denominações, concorrentes entre si. Só se unem para defender os seus privilégios tributários, associando-se para isso às demais igrejas. O apoio de uma das principais denominaçãoões evangélicas - a Igreja Universal do Reino de Deus: IURD, comandada por Edir Macedo - a Celso Russomanno não lhe garante o voto de todos os evangélicos.
Guilherme Boulos conseguiu avançar sobre esse eleitorado e tomou o espaço do PT.
Sem discurso inovador, o PT não terá condições de reconquistar esse eleitorado e Jilmar Tatto terá uma votação de partido nanico.
O que leva a uma disputa pela Prefeitura de São Paulo entre quatro concorrentes: Bruno Covas, Celso Russomanno, Guilherme Boulos e Márcio França. Os três primeiros têm uma forte marca política que pesará contra num eventual segundo turno. Esse será dominado pelo voto útil, o voto para que o outro concorrente não seja eleito. Bruno Covas tem a marca de João Doria e reunirá os votos anti-Doria. Russomanno assumiu a marca Bolsonaro e unirá todos os antibolsonaristas, no segundo turno. Guilherme Boulos traz a marca da esquerda, ainda mais radical que o PT, e unirá todos os antipetistas e antiesquerdistas para derrotá-lo. Dessa forma, num segundo turno, com dois dos três citados, o resultado será o de quem conseguir anular mais os votos contrários, numa disputa entre "antis". Parte dos anti-Doria são também anti-Bolsonaro e vice-versa, tendendo ao empate. A única união seria entre os bolsonaristas e doristas, contra Guilherme Boulos. Dentro desse quadro, Márcio França emerge como um anti-Doria não bolsonarista. Ele quase escorrega numa armadilha montada por Bolsonaro, mas com a mudança de posição do presidente, decidindo apoiar expressamente Celso Russomanno, livrou-se, ainda que não inteiramente, da pecha de bolsonarista. Em qualquer disputa contra Covas, Russomanno ou Boulos seria favorecido pelo voto útil, com grande probabilidade de vitória.
São perspectivas em função dos acontecimentos da semana, mas fluidas, podendo mudar, em muito, até o dia das eleições. Ou não.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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