Parking News

Quando o paulista de Chavantes Helio Cerqueira Junior entrou para o ramo de estacionamentos na década de 1970, talvez não imaginasse que quase 40 anos mais tarde deteria a maior rede do setor no Brasil. Hoje, a Estapar responde por cerca de 10% de todas as vagas para carros no Estado de São Paulo e por aproximadamente 4% destes espaços no País. Com a rápida expansão da empresa familiar, o negócio se tornou atrativo para os players do mercado de investimentos e, atualmente, Cerqueira Junior e seu irmão se preparam para expandir as áreas de atuação por meio de uma parceria com a BTG. A companhia financeira, por sua vez, ingressa em um negócio promissor, diante das perspectivas de aumento da frota de veículos brasileiros. No início dos anos 1970, os irmãos praticamente homônimos Helio Cerqueira Junior e Helio Francisco Alves Cerqueira realizavam serviços na área de topografia, seguindo a formação técnica deles. Entre os clientes estava o empresário Nelson Maluf, proprietário de uma empresa de estacionamento em São Paulo, a Estacionamentos Seguros, que tinha três empreendimentos na ocasião. Em 1972, o empresário convidou os irmãos para trabalhar na companhia e Cerqueira Junior aceitou a proposta. A empresa mudou de nome e passou a se chamar Unipark. Aproveitando-se do fato de que o setor de estacionamentos era praticamente inexplorado por aqui, durante os anos 1970 e no começo da década seguinte o então jovem executivo Helio Cerqueira Junior visitou outros países e desenvolveu técnicas e produtos no Brasil, como consultoria em projetos, valet para eventos, selo convênio e parcerias com estabelecimentos. O irmão Helio Francisco Alves Cerqueira se juntou ao negócio em 1979 e, poucos anos depois, o trio se lançou ao mercado carioca, avaliando que poderia ser promissor. Assim, em agosto de 1981, nasceu a Riopark. Um ano depois, em 1982, o foco voltou-se para o território paranaense. Os irmãos Cerqueira fundaram, em parceria com Maluf, a Estacionamentos do Paraná (Estapar). O negócio deu tão certo que, depois de quatro anos, a dupla saiu da Unipark e adquiriu a parte da sociedade de Maluf na Estapar e na Riopark, passando a ser dona exclusiva das duas bandeiras. Naquele mesmo ano, o sistema Estapar/Riopark, que tinha um estacionamento em Curitiba e outro no Rio, iniciou as atividades em São Paulo. Assim, apenas um ano depois, o grupo já administrava 35 estacionamentos na capital paulista e 20 na carioca, ocupando a posição de quinta maior empresa do setor. "Tivemos um crescimento em uma velocidade incrível", afirma Cerqueira Junior, atribuindo a expansão à forte experiência, credibilidade, participação em projetos pioneiros e ao fato de, naquela época, haver muito mercado inexplorado no segmento, uma vez que praticamente ninguém cobrava estacionamento. O ritmo de expansão seguiu acelerado - em 1995, o grupo já operava 210 estacionamentos, com um total de 30 mil vagas. Hoje, a Estapar detém pouco menos de 10% do mercado de estacionamentos em São Paulo e cerca de 4% no Brasil, contando com 630 estacionamentos no País. Os números são expressivos: a companhia possui 141,2 mil vagas, representando cerca de 2,8 milhões de m2 de área. A empresa também é concessionária de serviços de Área Azul Eletrônica em 11 cidades, o equivalente a um adicional de 15,5 mil vagas em vias públicas. De acordo com o diretor executivo da empresa, Luis Filipe Lomonaco, foi justamente a rápida expansão do grupo que despertou a atenção de importantes players do mercado de investimentos. Ele conta que, há três anos, a Estapar iniciou um amplo processo de modernização de gestão e reestruturação organizacional para se preparar para uma possível parceria. Para tal, segundo o diretor executivo, a companhia investiu pesado em Tecnologia da Informação (TI), promovendo a integração tecnológica de todas as unidades, entre vários outros processos de profissionalização de gestão.
Adaptação
"O mundo atual é muito diferente daquele de 1972", diz Cerqueira Junior. "O ano de 1973, por exemplo, foi muito difícil para o Brasil, que, na época, era extremamente dependente do petróleo. Fomos acompanhando todo o movimento do mercado. Já em 2001, para citar outro exemplo, o ataque às Torres Gêmeas afetou o nosso segmento de hotelaria. Dois anos depois, problemas com o PIS e Cofins pesaram nos negócios", explica, completando, que, "durante todo este tempo, a empresa foi evoluindo". De acordo com o sócio, a capacidade de adaptação às novas realidades foi fundamental para a consolidação da bandeira, mas agora o cenário é outro. "Hoje, as grandes corporações são geridas profissionalmente", assinala o executivo. Nesse ambiente, Lomonaco revela que a Estapar começou "a falar sério" com possíveis parceiros na metade do ano passado, embora não fosse algo formal, para consolidar sua liderança de mercado e impulsionar o processo já começado de profissionalização. "Não tínhamos resoluções consistentes, nem estávamos nos preparando para uma oferta pública inicial de ações. Estávamos somente "preparando a casa" para iniciar um processo de crescimento sustentável", conta. Menos de um ano depois, em maio de 2009, a BTG passou a fazer parte do controle do conglomerado, por meio de um acordo para a compra de 50% da rede por fundos de private equity administrados pela BTG Gestora de Recursos. As companhias não revelam o montante envolvido na negociação, mas Cerqueira Junior ressalta que a parceria não aconteceu por conta de um interesse financeiro, mas sim estratégico. "Saímos de uma empresa de prestação de serviços para uma empresa de negócios", define Cerqueira Junior. Com a operação, a rede de estacionamentos terá acesso a capital primário da BTG, em uma época em que o custo de financiamento tem subido e o acesso ao crédito se torna cada vez mais difícil, por conta da crise global. Outro ponto destacado pelo sócio é que, com a operação, a Estapar poderá entrar no negócio de real estate. "Pretendemos alocar recursos para comprar ativos imobiliários, construir garagens e investir em concessões, perpetuando, assim, o negócio", explicaram, em nota, José Miguel Vilela Jr. e Marcelo Hallack, executivos da BTG responsáveis pelo investimento. Na visão de Cerqueira Junior, esta "é uma medida estratégica que permitirá que a BTG e a Estapar cresçam no lucrativo mercado imobiliário brasileiro", já que seus negócios estão intrinsecamente ligados ao desenvolvimento de áreas urbanas. "Precisamos de mais garagens subterrâneas, por exemplo, e as empresas do ramo não têm recursos para esses investimentos. A sofisticação financeira vai nos permitir entrar em negócios que atualmente nenhum outro player deste mercado pode, em uma estratégia que dará à companhia uma vantagem competitiva inédita no setor", sublinha Lomonaco. Além disso, com a aquisição, a companhia de estacionamentos passa a ter acesso à rede de relacionamento dos gestores dos fundos, o que pode facilitar as alianças estratégicas com outros negócios que integram o portfólio da BTG e a conquista de novos clientes e fornecedores. A companhia financeira, por sua vez, consegue acessar um mercado crescente, uma vez que a frota de carros do Brasil vem aumentando progressivamente. A demanda por espaços para estacionamento de veículos continua crescendo nas principais regiões metropolitanas do País, e os preços seguem avançando, na esteira da valorização dos preços de imóveis residenciais e comerciais, explica Cerqueira Junior, para quem ainda há bastante espaço para crescimento neste setor. Para o sócio e diretor executivo da Stratus Investimento, Álvaro Gonçalves, a avaliação está correta. Ele explica que o segmento de estacionamentos sempre apresentou boas margens dentro do setor de serviços. "Todo setor fragmentado tem potencial de consolidação e pode ser alvo de fundos de private equity", afirma. Além do capital, os fundos levam para os negócios nos quais investem práticas de gestão que impulsionam o crescimento, segundo Gonçalves. Algumas das práticas trazidas pelos fundos estão relacionadas ao exercício de governança corporativa e de ampliação.
Ritmo frenético de crescimento
O BTG (Banking and Trading Group), banco de investimento que tem como sócios André Esteves e o ex-presidente do Banco Central (BC) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) Pérsio Árida, além de ex-executivos do UBS Pactual, começou suas atividades em setembro do ano passado e já acumula em seu carrinho de compras grandes aquisições. A instituição, que começou a ser formada com a saída de Esteves do UBS Pactual, há um ano, comprou em outubro o Lehman Brothers do Brasil, uma empresa não financeira, que realiza atividade de trading e originação de ativos, visando a acelerar o crescimento do grupo. Dois meses depois, a BTG comprou de uma vez só duas redes de postos de combustíveis: a Via Brasil, pertencente ao grupo Vibrapar, e a Aster, de Carlos Alberto de Oliveira Santiago. O próximo alvo foi o grupo de companhias Lentikia, gestora de recursos que gerencia o Brocade Fund, com total de recursos de aproximadamente US$ 700 milhões ao final de 2008. Como desdobramento do negócio, Patrice de Camaret, co-fundador do grupo e CEO (Chief Executive Officer) do Brocade, virou sócio da BTG e membro do comitê executivo da companhia. Um mês depois, enfrentando a pior crise em 147 anos, o suíço UBS decidiu vender para a BTG sua unidade brasileira, o UBS Pactual. Pelo acordo, a companhia deve pagar US$ 2,475 bilhões pelo maior banco de investimento brasileiro. Junto com outros sócios, Esteves tinha vendido o Pactual para a instituição suíça em 2006. Quando foi formada, a BTG informou que seu plano era investir recursos próprios no mercado de capitais brasileiro e internacional e também em operações de compra de participações em empresas brasileiras.
Fonte: Revista Investidor Institucional (SP), junho de 2009

Categoria: Mercado


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