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"Cobra-se muito a revolução desde que não se mexa em nada". Foi com uma variação da frase-chave do romance "O Leopardo", de Tomasi di Lampedusa (1896-1957), que o prefeito Fernando Haddad respondeu à Folha se acha a população de São Paulo conservadora. No livro de Lampedusa, nobres aderem ao novo poder para continuar mandando.
Dia 31, Haddad sancionou o Plano Diretor, com um espírito diferente dos nobres de Lampedusa. O plano pretende mudar a cidade ao aumentar a densidade populacional ao longo das avenidas e destinar um volume inédito de recursos para habitação social. Revolução sem mudança, aliás, não existe, segundo ele.
Veja a seguir trechos da entrevista:
Folha - O Plano Diretor de 2004 já tinha a principal diretriz do novo plano, o aumento da densidade populacional ao longo de avenidas que concentram o transporte público, mas ela não saiu do papel. Por que seria diferente agora?
Fernando Haddad - Houve um aprendizado. São Paulo tem uma característica política bastante incomum. Tivemos um pêndulo ideológico - Jânio, Erundina, Maluf, Pitta, Marta, Serra, Kassab e Haddad - que acarretou em descontinuidade. No urbanismo não foi diferente.

O plano corrige isso?
Radicalizamos algumas propostas que a prefeita Marta [Suplicy] não conseguiu implantar. Uma delas é o coeficiente básico igual a um.

O que é isso?
Significa que você dá ao proprietário o direito de construir uma vez a área do lote. Tudo que for acima disso ele é obrigado a pagar uma outorga. Isso vai compor um fundo, o Fundurb, que promove políticas de transporte, de moradia, política ambiental. Criamos também uma morfologia nova para a cidade: miolo de bairro terá baixa densidade, eixos de mobilidade terão alta densidade.

As condições da cidade mudaram nos últimos dez anos.

Seria impensável dez anos atrás você implantar 150 km de faixas exclusivas de ônibus em 12 meses. Nós fizemos. Seria impossível fazer um plano cicloviário de 450 km até 2015. Hoje existe mais compreensão de que transporte de massa e ciclista têm prioridade sobre o carro. Houve uma evolução conceitual, que veio de fora do Brasil. As grandes cidades do mundo fizeram isso nos anos 80. São Paulo perdeu tempo e nós estamos recuperando o tempo perdido.

A administração do sr. é reprovada por 47% dos paulistanos, segundo o Datafolha, um dos piores índices, similar ao do Celso Pitta e Kassab. Isso não seria um sinal de desaprovação aos planos do sr.?

Quando eu saí do governo [federal], o Datafolha fez uma pesquisa e a área mais bem avaliada foi educação. Isso foi depois de oito anos de trabalho, não de oito meses. Os projetos têm prazo de maturação. Se eu for me guiar pelos humores da conjuntura - Copa, 7 a 1 -, eu não miro a grandeza que São Paulo tem.

Qual será o impacto concreto do Plano Diretor na cidade?
Terá mais habitação no centro, menos espigões no miolo dos bairros, direcionamento dos investimentos para os eixos de mobilidade e espalhamento do desenvolvimento. Em cinco anos você já começa a ver alteração.

O sr. já sabe se vai ampliar o horário do rodízio ou a área que ele atinge?
Os técnicos da CET têm uma preferência pela ampliação do perímetro. Vou tomar uma decisão técnica. Tem outra característica: São Paulo é pouco simpática a experimentalismo. Isso é cada vez mais comum nas metrópoles - testar hipóteses na prática.
Fonte: Folha de S. Paulo, 31 de julho de 2014

Categoria: Cidade


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