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Para quem a privatização da Zona Azul é bom negócio

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Por Jorge Hori* - A Prefeitura de São Paulo lançou um edital para a privatização das Zonas Azuis, caracterizados oficialmente como "Estacionamentos Rotativos", num total de quase 10 mil vagas em vias públicas.

Os dados do Plano de Referência anexo ao edital indicam um alto negócio para a Prefeitura Municipal.

Fazendo contas simples, sem as sofisticações das complexas fórmulas de ROI ou TIR, EBTI mais DA etc., a Prefeitura abriria mão de uma receita prevista em 15 anos de R$ 720 milhões para receber R$ 766 milhões, dos quais R$ 618 milhões no início (os dados foram retificados, mas nos baseamos nos dados do plano de negócio).

Na contrapartida o concessionário teria que investir R$ 788 milhões, somando-se ao Capex os investimentos necessários para a operação. E teria como receita líquida os R$ 720 milhões.

A modelagem econômico-financeira, no entanto, tem um "pulo do gato", ao diferenciar o operador do financiador.

O Capex, isto é, o investimento do operador seria dos equipamentos e sistemas operacionais, estimados em R$ 22 milhões, o valor da outorga variável, podendo assumir também as parcelas anuais da outorga fixa.

Para isso precisa da parceria de um investidor institucional, disposto a aportar o capital para cobrir o valor da outorga inicial de R$ 618 milhões. A sua rentabilidade média ao longo da concessão seria pouco abaixo de 8%.

Embora esses dados precisem ser refinados, pois são contas dos antigos padeiros, levam a dois achados:

- não é um negócio para as operadoras independentes de estacionamentos pagos, só sendo viável para aquelas associadas ou integradas a grandes investidores, limitando a concorrência, o que - seguramente - levará o TCM e outros órgãos de controle a questionar a legalidade da licitação;

- é um bom negócio para a Prefeitura, mas não para o setor privado, o que leva à limitação do interesse.

Além do mais, as projeções de demanda são exclusivamente otimistas, considerando que todas as áreas terão um crescimento de demanda, quando a realidade da cidade mostra a ocorrência de áreas que se têm degradado com redução da demanda. Outra variável não considerada é a diferença de demanda por horários.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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