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Para andar, também tem que parar

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Esta matéria, transcrita da Revista Infra Outsourcing & Workplace, traz declarações dos presidentes do Sindepark, Marcelo Gait, e da Abrapark, André Piccoli, sobre a importância dos estacionamentos para a mobilidade urbana como também do déficit de vagas nas capitais e as dificuldades do setor na atual conjuntura econômica.

 

Ficar parado quando se deve andar – no trânsito – e ter que ficar andando quando se quer parar – em busca de uma vaga para estacionar. Esse é um dos paradoxos das grandes metrópoles resumido no tema que já figura na pauta social, mas que está longe de seu fim: a mobilidade urbana. Para os urbanistas, quanto mais espaços se criam para os carros, mais carros aparecem para ocupá-los. Mas como explica o presidente da Associação Brasileira de Estacionamentos (Abrapark), André Piccoli, “os estacionamentos não são geradores de demanda, porque ninguém sai de casa para consumi-los. Ou seja, não é a disponibilidade de vagas que estimula as pessoas a usarem o veículo. Se houvesse um sistema de transporte público decente, certamente as pessoas deixariam o carro em casa e usariam os coletivos. Aí, sim, existiria um equilíbrio”.

Na opinião de Piccoli, a tentativa de limitar novas vagas como forma de desestimular o uso do carro não só é falha, como tem efeito contrário. Segundo ele, há estudos que mostram que de 25% a 30% do tráfego nos locais de grande concentração de veículos são gerados pela circulação em busca de uma vaga. “O grande desafio é conscientizar os gestores públicos sobre a importância do estacionamento para a mobilidade urbana. Não podemos ficar fora da mesa, temos de estar inseridos dentro das políticas de mobilidade das grandes cidades e integrados aos demais equipamentos”, ressalta.

Além disso, há a infalível lei da oferta e da procura, um dos fatores que explica os altos valores cobrados nos estacionamentos. Segundo o presidente do Sindicato das Empresas de Garagens e Estacionamentos do Estado de São Paulo (Sindepark-SP), Marcelo Gait, somente o município paulista possui cerca de 500 mil vagas, que atendem aproximadamente 60 milhões de veículos por mês. “A demanda ainda é maior em determinados pontos da cidade, onde há mais empresas e comércios. São regiões mais adensadas e, portanto, valorizadas”, explica.

Uma pesquisa realizada pela EY Consultoria no final de2013 apedido da revista Veja São Paulo, em 15 distritos do centro expandido, já mostrava essa realidade. Enquanto deveria haver oferta para atender 509 mil carros por dia, havia espaço apenas para 384 mil, ou seja, 125 mil motoristas ficavam circulando e contando com a sorte para conseguirem parar seus veículos. Das vagas disponíveis, 78% estavam em estacionamentos privados e 4% na Zona Azul, sendo apenas 18% na rua e gratuitas.

E a expectativa já era de agravamento da situação. Segundo o estudo, o déficit de vagas pode aumentar em até 90% na próxima década, chegando a 336 mil, caso o ritmo de crescimento da frota de veículos continue o mesmo.

“Hoje temos um déficit histórico de vagas de estacionamento porque as principais capitais tiveram um crescimento urbano muito forte de frota de veículos nos últimos dez anos, mas não tivemos um planejamento urbano que contemplasse o estacionamento de forma estratégica”, afirma Piccoli. Se, por um lado, esse déficit pode beneficiar o setor, por outro, a lei da oferta e da procura não perdoa ninguém. É ela também que está por trás de outro fator de grande impacto para este tipo de negócio: a valorização imobiliária. “O preço do estacionamento subiu muito nos últimos anos impulsionado também pela valorização do mercado imobiliário, pois os espaços são, no geral, locados”, justifica Gait, destacando que “o maior custo é, sem dúvida, o aluguel dos imóveis, que pode representar até 50% do faturamento”. Tanto, que o Sindepark lançou neste ano um manifesto junto aos proprietários de imóveis visando à redução do valor dos aluguéis. O movimento é uma resposta também ao momento de instabilidade do País.

Segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, em agosto, o saldo líquido de empregos formais foi negativo em mais de 86 mil vagas, o pior resultado para o mês desde 1995. “Na medida em que houve redução no efetivo, houve muito cancelamento de vagas mensais. Há até mesmo aqueles que continuam trabalhando, mas que também cancelaram seus contratos, pois passaram a ir trabalhar de transporte público, como forma de minimizar custos”, contextualiza Piccoli. Além do setor imobiliário, Piccoli acrescenta o custo da mão de obra e a responsabilidade civil. “No Brasil, somos responsáveis pelos veículos – não é assim em todos os lugares – e os valores e diversidade de automóveis aumentaram muito na última década. A seguradora olha o risco como um todo e não há como fazermos diferenciação de cobrança para um carro popular e um carro de luxo importado, o que acaba impactando nos preços gerais também”.

Integração em prol da mobilidade urbana

Estarem localizados próximos a estações de metrô e terem espaços para abrigar as bicicletas são exemplos de como os estacionamentos podem estar integrados às políticas de mobilidade. “Apesar de ainda haver uma demanda tímida, os estacionamentos construídos nos últimos dois anos em São Paulo já prevêem bicicletários e os antigos vêm se adaptando a esta nova demanda, que deve aumentar progressivamente”, afirma o presidente do Sindepark-SP, Marcelo Gait. Para o Presidente da Abrapark, André Piccoli, o uso da bicicleta é uma tendência mundial e os estacionamentos terão de contemplar esses espaços, que hoje são oferecidos gratuitamente em áreas ociosas adaptadas. “Se houver uma demanda maior teremos de pensar em uma infraestrutura completa e um sistema tarifado”, pondera. Atentos à demanda, os shopping centers já começam a usar esses espaços como diferencial competitivo, oferecendo segurança patrimonial, suporte para utilização de correntes, guarda volumes e até banheiro com vestiários. “Embora não seja rentável, temos de estar alinhados aos desejos e ansiedades do consumidor”, analisa o diretor Regional da Aliansce Shopping Centers, Sergio Pessoa.

Fonte: Revista Infra Outsourcing & Workplace, 1º de novembro de 2015

Categoria: Notícias Sindepark


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