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Novos cenários para a economia brasileira

 

Por Jorge Hori* - Os economistas montam cenários com o uso de complexos modelos matemáticos, como tais racionais, mas baseados em premissas subjetivas, as principais de ordem política.

No Brasil, embora a participação direta do Estado no PIB seja relativamente baixo (**), tem influência maior pelo poder de regulação e pela dependência psicológica dos agentes econômicos.

A principal, de caráter mais geral, é a espera de sinalização das políticas públicas, para orientar as suas decisões e ações de investimentos, de produção ou de emprego.

A segunda, mais específica, é dos agentes que se beneficiam de regulações ou medidas governamentais, que buscam obter, manter ou ampliar as proteções ou patrocínios públicos. Orientam as suas decisões em função dessas perspectivas.

Além dessas dependências, os agentes produtores têm o temor de que o descontrole fiscal seja corrigido por aumento de impostos, como ocorreu ao longo de muitos anos. Entendem que a possibilidade de aumento da carga tributária chegou ao limite, mas tem receio de que numa crise mais grave esse limite seja ultrapassado.

Dada essa dependência psicológica, os cenários econômicos dependem de um simbolismo, chamado Reforma da Previdência.

A aprovação da Reforma da Previdência não garante a retomada da economia. Já surgem manifestações de que essa reforma não será suficiente para reanimar a economia. Será necessária, em seguida, a reforma tributária. E, se essa passar, dirão que será necessária a reforma política. Com a dificuldade de aprovar a reforma da previdência, o Governo já está colocando a reforma tributária como o "carro chefe" da agenda positiva.

Na realidade, a economia brasileira está mal e continuará mal, porque os motores do desenvolvimento perderam potência e não são mais suficientes para acionar e sustentar uma atividade econômica mais dinâmica. Traduzida em índices, um crescimento anual do PIB acima de 3%.

Esses motores são o binário indústria-consumo familiar interno. Os resultados recente do desempenho industrial já indicam essa "fadiga do material".

Para quebrar a inércia desse modelo desgastado, há alguns caminhos: a dinamização do consumo familiar, pelas atividades de comercialização e de serviços, pela redução generalizada dos preços.

Isso ocorreria por uma abertura maior da economia, com reduções de tarifas alfandegárias e de restrições não tarifárias, consideradas nessas a burocracia.

Com maior volume de importações de bens de consumo, a preços mais baixos, o consumo aumentaria, dinamizando o comércio varejista e os empregos no setor. Aumentaria também a atividade de logística.

Essa estratégia dinamizou 30 anos atrás a economia norte-americana, com sacrifício da sua indústria. Com Trump passou a ser contestada e sendo revista ou ajustada.

O principal risco não está na desindustrialização, que será inevitável, nos setores tradicionais, mas no deficit comercial e cambial.

Por muitos anos a agropecuária sustentará o equilíbrio comercial, mas com cenários de instabilidade.

Sem a Reforma da Previdência, ou com esta aprovada, num modelo desidratado - o que é o mais provável -, a etapa subsequente não é uma inviável reforma tributária, mas a maior abertura da economia.

Significará maior importação de produtos finais e insumos asiáticos, principalmente, mas não somente chineses.

O impacto desse modelo será indireto para os estacionamentos.

A redinamização do comércio varejista promoverá a maior demanda nos shopping centers, com reabertura de lojas e maiores venda das existentes. Haverá maior demanda de carros para os estacionamentos desses estabelecimentos.

Mas o movimento inicial será no comércio de rua, no comércio "informal", com preços mais baixos, vendidos à vista e sem nota.

É um cenário de alta probabilidade, com alguns riscos pouco prováveis:

1 - a reforma da previdência de Paulo Guedes é aprovada inteiramente. Ele já coloca a reforma tributária em discussão e a abertura da economia é adiada;

2 - com a derrota na Reforma da Previdência, com a aprovação de uma nova previdência desidratada, Paulo Guedes ou o próprio presidente deixam os cargos e os sucessores congelam a abertura unilateral;

3 - os sucessores buscam uma abertura bilateral, o que a atrasará.

Embora muito provável, o cenário da abertura unilateral da economia tem prazo de ocorrência incerto.

 

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

(**) A participação dos serviços governamentais na oferta global, segundo a última matriz insumo-produto, divulgada pelo IBGE, que se refere às contas nacionais de 2015, é de 10,28%. O Estado ainda tem uma participação direta na extração de petróleo e nos serviços públicos de eletricidade, água e esgotos, mas a participação relativa desses setores não ultrapassa 5%.

 

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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