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Mobilidade urbana, solução a curto e longo prazo

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Por Jorge Hori*

Para melhorar a vida das pessoas nas cidades pode-se facilitar a mobilidade urbana ou reduzi-la.

A primeira opção envolve a ampliação do sistema viário, eliminação dos pontos de conflito, aumentar a oferta de serviços de transporte coletivos e melhorar a sua qualidade.

Duas principais objeções são colocadas: não há recursos públicos suficientes e ampliar a infraestrutura atrai mais veículos e mais pessoas. O resultado final poderia ser a piora da mobilidade.

Reduzir a mobilidade significa aproximar mais as funções urbanas, de tal forma que as pessoas possam reduzir os seus trajetos, utilizar mais meios não motorizados e reduzir a sobrecarga sobre a infraestrutura e serviços de transporte.

Reduzir a mobilidade é uma solução de longo prazo, requerendo uma profunda mudança cultural. Que se reflita nas políticas urbanas.

Nas grandes cidades, dominadas pelo sistema capitalista e liberal, com focos de resistência socialista, as soluções para a mobilidade urbana precisam ser de mercado. Fora dele serão paliativos artificiais.

A regra básica de mercado é: quanto maior a demanda, maior o preço. Em contrapartida, preços mais altos desestimulam a demanda, restabelecendo o reequilíbrio entre oferta e demanda.

A demanda de carros e, consequentemente, de vagas de estacionamento decorre da demanda das pessoas por um destino. As áreas de escritórios tendem à concentração espacial, gerando a demanda de pessoas e carros a esses locais.

O preço dos estacionamentos sobe com a demanda, mas a oferta alternativa de vagas tende a conter os aumentos. São as vagas gratuitas nas vias públicas mais distantes dos polos de destino.

Nas vias próximas, em função do tráfego de veículos, o Poder Público tende a proibir o estacionamento. O pouco que é permitido, incluindo as vagas pagas por tempo limitado (zona azul), tende a ser rapidamente preenchido, pelos madrugadores, não afetando a demanda dos que seguem os horários de expediente comercial.

Os madrugadores, em função do horário, não geram congestionamentos. Não comprometem a mobilidade urbana.

O problema da mobilidade urbana está no horário comercial.

Dentro da dinâmica de mercado, a inibição da demanda por vagas, afetando o uso do carro, está no preço mais elevado pelo uso das vagas.

Essa condição teria um efeito similar ao do pedágio urbano.

Porém essa lógica sofre dois importantes vazamentos:

- os aplicativos de chamada que facilitam os serviços de transporte individual, sem uso dos estacionamentos pagos, e os estacionamentos irregulares, que não cumprem todas as exigências legais.

Duas ações públicas são essenciais: uma fiscalização mais efetiva contra o uso de vagas proibidas nas vias públicas e o fechamento de garagens clandestinas.

Dentro da evolução tecnológica, o controle dos estacionamentos em locais não permitidos poderia ser feita por câmeras comunitárias, organizadas pelos moradores, com o apoio de empresas privadas. Essas câmeras financiadas pelo setor privado seriam conectadas com as autoridades de trânsito, para a aplicação das devidas multas.

Já a interdição temporária ou definitiva de estacionamentos clandestinos dependerá de fiscalização presencial.

Não adiantam boas regras se elas não são fiscalizadas. No Brasil, não basta a regra para as pessoas seguirem. Só vão atender se forem punidas. Às vezes, nem com as punições.

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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