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Impactos da paralisação dos caminhões

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Por Jorge Hori* - Uma greve iniciada por grupos isolados de caminhoneiros reivindicando estabilidade nos preços do diesel se transformou, pela mobilização da sociedade, num movimento nacional, gerando uma crise de abastecimento generalizada e custos fiscais elevadíssimos.

A mobilização foi motivada pela exaustão da sociedade com o governo atual e os políticos em geral, considerados todos como corruptos, venais, interesseiros e tudo o mais de nefasto.

A sociedade teve a ilusão de que "parando o país", conseguiria mudá-lo. Não conseguiu, todos os ônus recaíram sobre a própria sociedade, enquanto o incompetente governo e os políticos se mantiveram, cedendo a reivindicações favoráveis apenas a pequenos grupos e setores econômicos.

Novas greves serão tentadas, mas não terão a amplitude da atual. A greve - em si - tem repercussões limitadas. Ela ganha força quando é apenas o estopim de uma insatisfação e se alastra. Assim foi em maio de 1968, num movimento iniciado em Paris, por jovens que queriam transar com as suas colegas, nos alojamentos de estudantes. O que aconteceu, na sequência, pouco tem a ver com o início. Mas não alcançou a dimensão política, como os socialistas queriam. A sociedade, revoltada, não aceitou.

Em 2013, processo social semelhante ocorreu no Brasil. Um pequeno grupo de ativistas defensor da "tarifa zero" se mobilizou contra o aumento de tarifas dos transportes coletivos em São Paulo. Como tantos outros movimentos anteriores e também posteriores, poderia ter "morrido" em algumas escaramuças, ônibus queimados, poucas pessoas presas e um arrefecimento generalizado.

Não foi o que aconteceu com esse movimento específico por que a sociedade toda se mobilizou. Vários grupos, que nada tinham a ver com os reajustes dos ônibus, pegaram carona para conseguir aprovação dos seus pleitos, principalmente os corporativos. Muitos saíram às ruas simplesmente para extravasar a sua insatisfação. Os políticos fizeram alguns ajustes, não renunciaram e ainda foram reeleitos em 2014.

Agora o fenômeno se repetiu. Não foi apenas uma greve de caminhoneiros. Foi uma movimentação geral da sociedade, contra o Governo e os políticos. Sem perceber que era um movimento contra ela mesma. Quando percebeu se retirou, mas a inércia do movimento associada e a grave incompetência do Governo prolongou os efeitos por mais tempo.

O estopim do movimento foi o reajuste dos preços do óleo diesel acompanhando a evolução das cotações internacionais e do dólar. Não precisava ser aplicado diariamente, mas a Petrobras e seu ex-presidente não tinham opção. Ou reajustavam ou quebravam de vez a empresa, então em recuperação. A menos que o Governo subsidiasse o combustível.

Foram tomadas as piores opções, adiando por 60 dias o problema do óleo diesel. E deixando aberta a questão dos reajustes da gasolina.

Apesar de movimentos pontuais, agora mais urbanos, sem ampla adesão da sociedade, a gasolina seguirá subindo. A Petrobras precisará compensar o congelamento do diesel, mantendo o aumento da gasolina.

O reflexo dessas circunstâncias afetará a mobilidade urbana, com a redução de circulação dos automóveis movidos a gasolina. Alguns usarão meios e combustíveis alternativos. Mas o impacto maior será daqueles que, tendo carro, o deixarão em casa e usarão o transporte coletivo.

O aumento da gasolina, acima da inflação, é o grande sonho dos "anticarros". Dessa vez poderão conseguir algum resultado significativo.

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias. 

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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