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Futuro dos estacionamentos depende de empreendimentos econômicos

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Por Jorge Hori*

O futuro dos estacionamentos pagos, na cidade de São Paulo, como em outras grandes capitais brasileiras, dependerá, em primeiro lugar, do desenvolvimento da atividade de gestão de empreendimentos econômicos. É a principal atividade que ocupa e gera necessidade de escritórios.

Constitui-se na principal demanda de pessoas que vão ao trabalho de automóvel.

Há três níveis básicos:

- os de maior nível hierárquico nas organizações, também os de maior renda, que decidem sobre a localização dos escritórios e que não abrem mão de usar o seu carro próprio;

- os de nível médio que podem adotar a opção de uso do transporte coletivo, quando disponível, próximo ao seu local de trabalho, ou o uso de serviços de terceiros, acessíveis pelos aplicativos;

- os que não têm - por restrições de renda - condições de utilizar carro próprio ou pagar serviços de terceiros, dependendo do transporte coletivo ou meios alternativos, como a bicicleta.

 

Os primeiros são usuários cativos dos estacionamentos. Os segundos dependem das circunstâncias e os terceiros não são clientes de estacionamentos pagos. Há outros usuários que trataremos em outro momento.

A atividade econômica de estacionamentos é derivada de outras atividades, ficando na dependência das opções das atividades primárias.

As atividades de gestão (direção e atividades administrativas) dos empreendimentos econômicos estão fortemente vinculados à macroeconomia, mas envolvem opções microeconômicas que afetam a atividade de estacionamento.

A cidade de São Paulo evoluiu como o principal centro de negócios da América do Sul, superando os seus principais concorrentes, como Buenos Aires e Rio de Janeiro. Vinha sendo a principal opção das empresas multinacionais que se instalaram no país, assim como das grandes empresas privadas nacionais. E atraiu as principais instituições financeiras. O Rio de Janeiro conseguiu manter a sede das grandes estatais, assim como de algumas estatais privatizadas.

A prolongada crise econômica brasileira tem levado multinacionais a mudar estratégias. De um lado elas têm organizado a sua gestão em termos continentais e não apenas nacionais. E têm buscando alternativas para a localização das suas sedes continentais. Com isso São Paulo vem enfrentando a concorrência de cidades como Lima e Bogotá. Além da recuperação de Buenos Aires e ainda a possibilidade de sedes latino-americanas (com abrangência mais ampla que as sul-americanas) com alternativas da Cidade do México e de Miami.

Com a recuperação global da economia brasileira poderá voltar a aumentar a demanda por escritórios AAA, mas pode já ter ocorrido a migração de vários, para outras cidades. Há casos específicos conhecidos, mas não uma avaliação mais ampla.

Esse é o primeiro grande fator que irá determinar o futuro dos estacionamentos: a atração de pessoas para os grandes escritórios, seja a trabalho, para reuniões ou simples visitas. A atração primária gera a instalação na região de outras atividades, como a de hotéis, restaurantes, lojas comerciais e outras.

A partir da ocorrência dessa demanda primária, a atividade de estacionamento ainda dependerá de outros fatores relacionados à movimentação das pessoas para alcançar os escritórios e os meios que forem utilizar.

Uma das modernas tendências do planejamento urbano vem sendo o de aproximar territorialmente as atividades urbanas de moradia e trabalho. Isso tem levado a privilegiar o uso misto dos terrenos e dos edifícios, assim como a expansão de bairros planejados, com a combinação de atividades. Dessa maneira as pessoas poderiam acessar os escritórios a pé, ou por bicicleta. Dispensariam o uso do carro e, consequentemente, não precisaram de espaço para o estacionamento do mesmo.

Mesmo usando o carro, poderia ser próprio, sob sua direção, ou de terceiros como carona ou serviço pago (táxi ou aplicativos). Nesses casos não precisaria de vagas para estacionamento.

E ainda restaria a alternativa de uso do transporte coletivo que, no caso de São Paulo, dadas a sua insuficiência e deficiência é a última alternativa para os decisores.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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