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Estacionamento deve focar segmentos de recuperação mais rápida

 

Por Jorge Hori* - Com a autorização da aplicação emergencial de duas vacinas, uma disponível no Brasil e outra ainda não, o governador João Dória, num “golpe de marketing”, gerou um fato público e político, com a vacinação de uma voluntária, da fase de testes, que havia recebido o placebo e não a vacina Coronavac. O objetivo era vencer a corrida contra o presidente da República. Esperto, promoveu o evento, menos de uma hora da aprovação da ANVISA, convocando a mídia, que aceitou o engodo.

A vacinação em massa, do grupo prioritário, só começará mesmo em 25 de janeiro, após as negociações com o Governo Federal, sobre a cota das 6 milhões de vacinas da Coronavac que ficarão em São Paulo e com o devido monitoramento pela ANVISA, conforme a decisão do órgão regulador.

A primeira dose dará um alívio emocional, mas não livra o vacinado da contaminação. A partir do 21º dia ele deve tomar a segunda dose e esperar por mais - aproximadamente - 21 dias, para o desenvolvimento dos anticorpos que - teórica e estatisticamente - deverão protegê-lo da contaminação.

A maioria da população só deverá começar a ser vacinada em março, prolongando-se ao longo de todo o ano e teoricamente deverá estar livre da contaminação, a partir de maio ou junho, quando mais vacinas estiverem disponíveis, sejam importadas, como produzidas no país. Essa disponibilidade ainda é incerta diante das disputas políticas.

O “ano normal” só deverá começar mesmo no segundo semestre, mas o novo normal terá algumas diferenças em relação ao velho normal.

A principal deverá ser a consolidação do home office, com efeito sobre a demanda de áreas de escritórios, de áreas de estacionamentos, tanto nas vias públicas como fora delas e no trânsito.

A cidade de São Paulo é o centro sul-americano da gestão dos negócios, associados às operações financeiras. Agora mesmo a Ford Motors Co. anunciou o encerramento das suas atividades industriais no Brasil, mas vai se manter no Brasil, com o “Centro de Negócios” na cidade de São Paulo.

Muitas sedes empresariais já vêm adotando o “home office”, que deverá continuar, ainda que de forma híbrida. Irão manter escritórios, em espaços menores ou compartilhados para reuniões eventuais, mas a ida dos executivos e funcionários a esses deverá ser menor, o que irá afetar a demanda por vagas em estacionamentos.

Com grande parte da população paulistana vacinada a sua economia deverá ganhar mais dinamismo, mas de forma diferenciada entre os setores.

O fato de a cidade ser o principal polo de gestão de negócios puxa o desenvolvimento de toda uma cadeia produtiva de prestação de serviços para empresas, envolvendo desde operações financeiras, atividades profissionais especializados, como consultorias, serviços jurídicos e outros. Setor de serviço às empresas em franco desenvolvimento está na provisão de serviços tecnológicos, tanto pelas grandes empresas como pelas startups.

A concentração de uma população de maior renda sustenta o comércio de bens de maiores valores relativos. Esse segmento viabiliza a instalação e operação de shopping centers, que tem como base o acesso por carro, requerendo áreas de estacionamento.

A recuperação do setor deverá ocorrer, mas após um pico de demanda, de forma lenta, em função das restrições às aglomerações e da cautela dos consumidores.

O setor de estacionamentos, por ser um setor com demanda derivada, dependendo da evolução dos serviços, terá a sua recuperação conjunta, retardada, mas diferenciada.

As estratégias empresariais deverão focar os segmentos com oportunidades de recuperação antecipada, ou mais rápida e sustentável.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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