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Com Covas, reversão da política de estacionamento não deve ocorrer


Por Jorge Hori*
- Confirmada a reeleição do prefeito Bruno Covas, os próximos anos serão de continuidade da gestão atual, moderada, sem grandes arroubos e despreocupada em implantar um grande marco da sua gestão. Essa será, como apresentou nas eleições de 2022, de uma boa gestão financeira, atacando diversas frentes, ao mesmo tempo.
Por conta da pandemia, a saúde terá que ser prioritária. Embora não seja apontada como um dos principais desafios, o maior será garantir que as empresas nacionais e multinacionais sigam preferindo se instalar em São Paulo e não em qualquer outra cidade, para gerir os seus negócios no Brasil. Com o desenvolvimento das tecnologias digitais, esta cidade não está - necessariamente - no Brasil, mas poderá estar em Bogotá, na Cidade do México ou mesmo nos EUA, como muitas empresas já instaladas em Miami, para gerir os negócios no Brasil.
Mesmo com a expansão do home office e das reuniões virtuais, a instalação presencial continua sendo necessária, os riscos de contaminação dos executivos e dos demais empregados serão importantes para as decisões da cúpula das empresas. Essas grandes empresas são o ponto inicial das cadeias produtivas geradoras de emprego de qualidade.
A sustentação da economia paulistana depende das estratégias dessas empresas. Para elas, a reeleição de Covas é um alívio, pois o que poderia ser uma gestão "renovadora" de Boulos é uma incógnita não desejada.
Dentro dessa perspectiva de cidade mundial, embora pequenos grupos, mas muito ativos, sigam as manifestações anticarro, Covas não deverá adotar medidas radicais, reduzindo a quantidade de vagas públicas. Com a sua reeleição, o risco de reversão da concessão das Zonas Azuis é mínima, ao contrário das propostas de boulistas, para anulação da licitação.
A ampliação de vagas pagas, com maior fiscalização, terá dois efeitos: de um lado, deverá inibir o uso do carro próprio de trabalhadores de média-baixa renda, pelo seu encarecimento operacional. Preferirão deixar o carro em casa, para uso somente no final de semana, ou para emergências, valendo-se no dia a dia do transporte coletivo.
Já os de maior renda poderão usar mais intensamente os carros dos aplicativos, dependendo da extensão dos percursos. Evitarão o transporte coletivo. Mas o receio ou cuidados com a contaminação os levarão ao uso do carro próprio. Diante dos riscos e custos do uso de vagas em Zona Azul, além de eventuais dificuldades em encontrar vagas disponíveis, poderão preferir o uso de estacionamentos privados pagos, com a vantagem de poder reservar uma vaga com antecipação.
Por outro lado, o receio de contaminação poderá levar à preferência maior pelo comércio de rua do que dos shoppings. O comércio de rua depende de vagas públicas.
São novas circunstâncias que provocarão mudanças de comportamento dos motoristas na cidade de São Paulo, nos próximos quatro anos.
As demandas por vagas de estacionamento não são um fato estatístico generalizado, mas localizado. Nas áreas mais densas a disponibilidade de vagas públicas, sem causar grandes perturbações no trânsito, é restrita. E mesmo com a rotatividade o risco de não encontrar uma vaga disponível é alta. Ficar em fila dupla, esperando abrir uma vaga, ou circular - com o mesmo objetivo - gera maiores perturbações e, havendo fiscalização mais rigorosa, muitos motoristas preferirão ir diretamente a um estacionamento pago.
Os riscos de reversão da política de estacionamento estão superados, inicialmente, mas a sua continuidade dependerá dos resultados efetivos, para a cidade, da privatização dos estacionamentos rotativos, as Zonas Azuis.

*Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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