Parking News

Cenário econômico e as eleições de 2022

 

Por Jorge Hori* - Os empresários brasileiros estão preocupados com a perspectiva de ter que escolher entre o menos pior no segundo turno das eleições presidenciais de 2022.
Uma grande parte, aparentemente a maioria, está decepcionada com Bolsonaro e Paulo Guedes. Este não conseguiu implantar a agenda liberal, por ter o presidente como o principal opositor. Bolsonaro só se preocupa em atender à sua fiel base de apoio, com a qual conta para ser reeleito, pouco se importando com o impacto nas contas públicas. Espera sempre que Guedes ache uma solução, mas o arsenal deste estaria esgotado, deixando o mercado inquieto.
A pandemia do coronavírus agravou a conjuntura de uma macroeconomia enfraquecida, mas o Governo contava com uma recuperação em V, com o auxílio-emergencial e flexibilização das restrições. Não foi o que aconteceu, após um trimestre de recuperação, o último não manteve o ritmo. As flexibilizações, por outro lado, agravaram as circunstâncias sanitárias, com aumento de contaminações, de internações, superando a capacidade de atendimento e ampliação dos óbitos.
Com as mutações do vírus, alcançando pessoas mais jovens, governos estaduais e municipais voltaram a adotar restrições mais severas, que deverão se refletir negativamente na evolução da macroeconomia.
A intermitência na evolução da macroeconomia, adiando sucessivamente uma recuperação sustentada, pode comprometer a possibilidade de reeleição de Bolsonaro.
Ele mantém uma posição contrária às restrições, mas o seu poder é limitado, pela decisão do STF que reconhece a competência compartilhada. Usa essa decisão para afirmar - ainda que indevidamente - que nada pode fazer, por culpa da Justiça e manter uma campanha de oposição aos governadores e prefeitos. Não tem tido êxito e a macroeconomia segue estagnada, com alguns poucos setores mantendo ou alcançando o crescimento.
A alternativa que lhe resta - sem garantia de resultados - é mudar os rumos do Governo, abandonando a pauta de Paulo Guedes e ampliar substancialmente os investimentos estatais, implantando o Pro-Brasil, como querem o General Walter Braga Neto, da Casa Civil, e os ministros Tarcísio de Freitas e Rogério Marinho, mediante uma PEC que excetue os investimentos do programa do teto de gastos.
Com a oposição de Paulo Guedes e receio do mercado, com o descontrole das contas públicas.
O fato novo é a candidatura Lula, que - provavelmente - irá propor reavivar o PAC, para promover a retomada do crescimento.
Bolsonaro, por razões eleitorais, irá - provavelmente - combater a proposta, caracterizando-a como responsável pelo colapso da economia em 2015/16, mas sem uma intensificação dos investimentos públicos, não dispõe de alternativas viáveis para uma recuperação a curto prazo da macroeconomia, o que poderia comprometer a sua reeleição.
Os empresários e o mercado ficarão - igualmente - com o dilema de mais investimentos públicos ou manutenção do equilíbrio das contas públicas. As suas manifestações deverão influir nas decisões políticas.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


Outras matérias da edição


Seja um associado Sindepark