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Após crise do coronavírus, como será a retomada da economia?

 

Por Jorge Hori* - A questão que mais preocupa os empresários é até quando durará a crise econômica do coronavírus. Respondida a primeira, vem a segunda: como será a retomada da economia?
Tudo depende das estratégias de combate ao vírus. Se forem corretas serão eficazes, com poucos danos colaterais. Podem ser eficazes, do ponto de vista sanitário, mas com amplos e profundos danos colaterais, econômicos, sociais e culturais. O pior cenário é de medidas ineficazes, com danos colaterais que superam os males da epidemia.
As estratégias corretas dependem da percepção correta das ameaças desse terrível inimigo invisível, a olho nu.
Num país de extensão continental, com grande desigualdade territorial de ocupação demográfica, as estratégias de combate inicial precisam ser mais locais e regionais do que nacionais.
Como é um vírus que é transmitido diretamente entre pessoas, ou indiretamente pelo uso comum de coisas infectadas pelas pessoas, o problema maior está nas grandes aglomerações urbanas, onde o vírus se espalha mais intensamente.
A ocorrência da doença tem um epicentro local e principal, espalhando-se a partir daí, pela transmissão comunitária. Epicentros secundários emergem em função da contaminação importada internacionalmente, isto é, trazida por viajantes contaminados que transmitem a pequenos grupos locais, a partir de eventos coletivos. Casamentos de luxo foram uma das principais fontes de difusão da contaminação importada.
Naturalmente, o epicentro da contaminação está na maior aglomeração urbana do Brasil: a Região Metropolitana de São Paulo. A partir dela ocorre a difusão para dentro do próprio Estado e para o resto do país. Não há mecanismos institucionais que limitem a livre circulação de pessoas dentro do território nacional, o que dificulta ou impede a migração interna. O que existe em outros países, por exemplo, na China.
A principal ameaça está no fator de contaminação que é o quanto uma pessoa, contaminada, contamina terceiros e esses quartos e assim sucessivamente numa curva exponencial. Não existindo ainda vacina, a principal medida coletiva, além da conscientização das práticas de higiene, é a redução dos contatos entre pessoas, seja pelo distanciamento social ou, em último caso, o isolamento total.
A falta de informação ou a interpretação equivocada massificada da epidemia leva a proposições de estratégias equivocadas.
A contaminação não escolhe idade, tampouco doenças prévias. A contaminação ocorre entre crianças e velhos. Uma criança infectada na escola pode contaminar o avô, assim como a avó que foi contaminada numa roda de bingo pode contaminar a neta.
O isolamento vertical, segregando os idosos e pré-doentes, contaminados ou não, e deixando livre os demais, sem sintoma aparente é uma estratégia equivocada para conter a contaminação.
O isolamento dos idosos, mesmo sem sintomas, é uma forma de protegê-los, mais do que proteger os que eles podem contaminar.
O problema dos idosos não é a difusão da contaminação, mas a gravidade da doença dos contaminados, que passam a requerer internação hospitalar e, em casos mais graves, terapia intensiva.
Ocorrendo um pico de demanda por internação ou terapia intensiva, a rede hospitalar não tem capacidade de atender e a mortalidade "natural" aumenta explosivamente pela falta de atendimento. Gera uma comoção social.
Com a insuficiência da capacidade de testar todos, a estratégia governamental é o isolamento, por enquanto parcial, mas com danos colaterais na economia.
A alternativa sanitária para reduzir os danos na economia está na testagem universal. Nas regiões metropolitanas de São Paulo e do Rio de Janeiro, a testagem de todos os moradores das favelas, com o isolamento dos contaminados, independentemente da idade, será a única forma de reduzir os danos colaterais.
A redução ou o levantamento das restrições dependerá do controle sobre a curva de aceleração da contaminação. Se a curva for achatada, de forma sustentada, as atividades econômicas poderão ser retomadas. As restrições têm o objetivo de abreviar a desaceleração. Se for menor que dois meses, não será necessário demitir e o apoio governamental será suficiente. Se durar mais, o colapso será inevitável. E a economia irá parar de vez. A boa notícia é que a velocidade da contaminação está caindo, nos últimos dias, mas ainda sem garantia de sustentação, se as restrições forem levantadas.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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