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A regularização da economia

 

Por Jorge Hori* - Com o acordo firmado pelo Brasil com a Universidade de Oxford e a empresa AstraZeneca, o país poderá contar, no início de dezembro de 2020, com uma vacina contra o SARS -COV2 e com isso conter a contaminação e as mortes.

Com o controle da pandemia, a economia poderá voltar a funcionar, quase que normalmente, com o uso cotidiano da máscara, além de outros cuidados.

Mas até lá as restrições às atividades das pessoas e das empresas deverá ter maior ou menor intensidade, em processo intermitente, o que não dará segurança suficiente para a continuidade tanto do consumidor, como do produtor ou do comerciante.

Em São Paulo, tanto na capital como no interior, as reaberturas parciais mostraram uma realidade que os produtores insistam em não reconhecer: o maior problema econômico não está nas restrições de funcionamento das lojas, dos escritórios, dos serviços ou da indústria, mas na profunda redução do consumo. As lojas, sejam de rua, como nos shopping centers, foram reabertas mas os comerciantes tiveram uma grande decepção: poucos clientes apareceram.

Nem mesmo o tal "efeito champagne" -  uma forte procura com a reabertura, para atender à demanda reprimida para depois se estabilizar em padrões mais baixos - chegou a ocorrer, a menos de alguns poucos casos.

A redução inicial do consumo das famílias não foi em função do aumento do desemprego. Foram os empregados, com renda, que reduziram as suas compras. Com essa contenção, apesar de manterem a renda e a massa salarial, no conjunto, provocaram o efeito cascata. Muitas empresas demitiram empregados, ou reduziram os seus salários, diminuindo a massa salarial. Com isso baixaram ainda mais o consumo, e assim por diante.

A sangria na renda ainda não está inteiramente estancada e a economia vai continuar sangrando até que o consumidor interno recupere a confiança e volte a comprar, seja pela maior utilização da renda disponível em consumo, como pela melhoria do mercado de trabalho.

A outra alternativa está na ampliação do consumo externo, que continua demandando os alimentos produzidos pelo Brasil, levando à produção de safras recordes de grãos, principalmente soja e milho. Como essas produções embora gerem grandes saldos comerciais e renda, são intensivos em tecnologia, com baixa geração de trabalho humano, isto é, de empregos.

A ampliação da massa salarial só ocorre indiretamente, pelos gastos dos fazendeiros e dos seus auxiliares, na maior parte, com alta renda, no mercado interno.

Para isso será necessário o redirecionamento da indústria para ampliar a sua presença no mercado externo. As maiores oportunidades estão na agroindústria, com o processamento das matérias primas de origem da lavoura, da pecuária e das florestas plantadas antropicamente, para a produção de alimentos, de fibras e de energia.

Até a aplicação da vacina, agora prometida para o início de dezembro, não haverá estabilidade no consumo interno das famílias e com isso da regularização do funcionamento da economia.

Mas é tempo suficiente para se preparar para o  Novo Normal.

O que ainda mais falta são lideranças para assumir esse planejamento. Tanto no Estado, como no setor privado.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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