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A demanda de estacionamentos no novo normal

 

Por Jorge Hori* - A cidade de São Paulo está voltando a funcionar, com um misto de retomada do velho normal e de um novo normal, não sendo mais o que era antes da pandemia.
O velho normal está sendo retomado no comércio popular nos polos centrais e nas periferias, onde as pessoas acham que a necessidade para sair para trabalhar é mais relevante que o medo da contaminação. Além do mais, não tem acomodações separadas em casa, para evitar a contaminação. Ficar em casa não é alternativa.
Alguns têm alternativa em casa, mas a principal diferença está na continuidade das "férias" das crianças. Essa ocupam espaço dentro da casa que concorrem com as atividades dos adultos e exigem mais deles. Isso ainda vai continuar.
Já na parte mais rica da cidade, com as pessoas com opção de ficar em casa, para se preservar melhor do risco da doença, muitos vão sair, porque não aguentam mais.
Podem ficar, podem trabalhar, podem pedir tudo por "delivery", podem participar de reuniões e outras atividades, tudo em casa, sem precisar sair. Se forem sair é porque querem sair. Vão sair com o seu carro, ou se não tiverem vão chamar um táxi ou aplicativo. Não vão se aventurar pelo transporte coletivo, o que muitos já não faziam.
O funcionamento dos escritórios enfrenta uma contradição: os diretores e mesmo chefes intermediários querem ficar em casa, em "home office". Os funcionários subalternos querem voltar ao escritório. As funcionárias mais ainda. Ficando em casa, têm efetivamente que cumprir três ou mais jornadas de trabalho: o trabalho, propriamente dito, e mais: a preparação das refeições, o que implica também fazer as compras, ainda que por entregas, cuidar da limpeza e higiene da casa, cuidar das crianças e outras atividades domésticas. Não têm condições de contratar mais empregadas, mesmo que diaristas. As refeições feitas em casa acabam ficando mais caras que as do refeitório da empresa ou mesmo em restaurantes, subsidiadas pelo vale-alimentação.

Querem voltar a trabalhar na empresa. Os dirigentes não. Alguns vêm adotando a solução mista. O escritório volta a funcionar, com os devidos cuidados, mas os diretores pouco vão, mantendo o trabalho em casa e com as reuniões, despachos com os funcionários e chefias intermediárias, virtualmente.

Shopping centers, academias e outros prestadores de serviços vão reabrir, mas com menor frequência de clientes. Para alguns, abaixo do "break-even point" e vão acabar fechando. As redes vão concentrar em algumas unidades.

Restaurantes mais populares que atendem aos funcionários vão voltar a funcionar, em padrões quase do velho normal. Os de maior custo, voltados para os executivos das empresas, vão sofrer mais. Alguns que fecharam durante a pandemia não vão retornar, permanecendo, quando muito, só com o atendimento por entregas em domicílio. Os bares que atendem e promovem happy-hours para jovens terão grande demanda, pois é o principal mecanismo de socialização, com o fechamento de escritórios.

O maior problema dos funcionários que querem voltar é com o transporte. No velho normal, utilizavam-se do transporte coletivo, mesmo aqueles que tinham carro, por uma questão de custo. Os trabalhadores formais contam com o vale-transporte, que para eles é uma complementação salarial.

Apesar das precauções, o transporte coletivo envolve sempre aglomerações e muitos permanecem com medo de utilizá-los. Os que têm carro e têm medo tenderão a preferir dirigir o seu carro. Mas estarão dispostos a pagar o valor dos estacionamentos? Os empregadores estarão dispostos a pagar parte? Só a experiência real dará as respostas.

* Jorge Hori é consultor em Inteligência Estratégica e foi contratado pelo SINDEPARK para desenvolver o estudo sobre a Política de Estacionamentos que o Sindicato irá defender. Com mais de 50 anos em consultoria a governos, empresas públicas e privadas, e a entidades do terceiro setor, acumulou um grande conhecimento e experiência no funcionamento real da Administração Pública e das Empresas. Hori também se dedica ao entendimento e interpretação do ambiente em que estão inseridas as empresas, a partir de metodologias próprias.

NOTA:

Os artigos assinados não refletem necessariamente a opinião do SINDEPARK.


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